27 de março de 2015

Mãe Astronauta

Desde que nasceste (já antes) que falo muito contigo.
Às vezes é conversa da treta e completamente despropositada estilo “Lembra a mãe que amanhã é dia de pagar a água” ou “Achas que ponha mais pimenta no lombo ou está bom assim?”
Outras vezes a conversa acontece quando estás no banho e vendo-te tão deliciada eu pergunto-te: “Doce filha.. onde escondeste a tua cauda de sereia?”
São conversas tolas mas dão-me um gozo imenso pois são momentos em que te envolvo totalmente naquilo que são as nossas vidas.
Há dias, numa dessas “conversas”, tu ofereceste-me o teu primeiro sorriso! 
Um sorriso aberto e de olhos muito iluminados.

Também no meu rosto apareceu um sorriso enorme de fazer doer a bochecha. 
Desde esse dia que sorris e nesses momentos sinto-me a levitar como se não existisse nenhuma gravidade e fico com o meu coração a bater à porta das estrelas.. 


26 de março de 2015

Mangas e Couves-de-Bruxelas

​Por agora parou a meditação da querida Oprah e do sábio Deepak.
A determinada altura, o que era suposto ser um momento sereno, íntimo e revelador.. estava a tornar-se inquietante.
Imaginem que vão comer uma manga e quando dão a primeira trincadela o sabor é a couve de bruxelas...!
Às tantas foi isto que começou a acontecer nesta meditação.

​Em tempos ​eu insistiria (certa de que estaria a fazer algo errado).. mas desta vez respirei fundo fundo e procurei perceber o porquê da experiência não estar a resultar.
Ontem percebi.


Esta meditação é orientada e tem um objetivo muito específico. Mais do que isso, há uma palavra chave que orienta a meditação. A palavra é sucesso.
Ora aqui é que está a questão.
Se há coisa que a formação em PNL me ensinou é que
​tem de haver ecologia nas nossas escolhas, ações, propósitos.​ Se algo não nos é ecológico.. não resulta. 
Não aprecio a palavra sucesso. Não me faz sentido.
Sabe-me a couve de bruxelas.
Falem-me em prosperidade e eu sinto o doce paladar de uma manga madura.


22 de março de 2015

Eu e Ele

Eu - Ouviste o discurso da ministra das finanças?
Ele - Não...
Eu - Diz que os cofres do estado estão cheios!
Ele - De quê?!........ Ar???

20 de março de 2015

Coisas Giras da Maternidade

Levar a filha na alcofa para a casa-de-banho enquanto arrisca tomar um duche rápido..
Tomar banho em menos de um minuto..
Sair da banheira e, ainda nua, pegar na filha que começou a chorar desalmadamente (mesmo!)..
Consolá-la enquanto se senta no tampo da sanita (ainda nua!) e ao mesmo tempo tenta enxugar-se com a tolha…
Quando ela acalma, rir sozinha que nem uma doidinha e logo a seguir (a vestir-me) serenar e achar tudo isto muito muito normal!

Meditação: Day Three

O Mantra: Har Haray Haree (Forças criativas fluem através de mim)
"Tudo o que desejas criar, já está na palma da tua mão"

17 de março de 2015

Meditação: Day Two

O mantra para hoje: Aham Prema (Eu Sou o Amor)
O recado...

"Volto a recordar-te que tudo é Amor e que ele nunca falha. 
Quando estiveres na encruzilhada pergunta-te: O que faria o Amor agora?"


Dizem...

.. os estilistas Dolce e Gabbana que "crianças concebidas através de fertilização in vitro são “sintéticas”. 

Ele há gente mesmo palerma!

Meditação: Day One

Descobri a meditação em 2009. 
É uma prática desafiante mas que nunca mais consegui largar. 
Hoje, e seguindo um desafio online lançado pela Oprah e pelo Deepak Chopra, comecei o desafio dos 21 dias de meditação.
Desenganem-se se pensam que quando se medita se atinge sempre a transcendência. Desde 2009 só consegui UMA vez, entrar num estado parecido. De resto, pelo menos comigo, as mensagens são, por norma, bastante simples. 
O mantra sugerido era poderoso: Sheevo Hum (Eu Sou o infinito....) e da meditação de hoje ficou o seguinte recado à minha Identidade: 

"Recorda-te que nestas coisas de fazer profundas mudanças, há que caminhar lentamente. 
Da mesma forma que não deves apressar a correnteza de um rio, não é sensato quereres comer um cozido à portuguesa quando o teu estômago tem andando a papinhas cerelac.."


15 de março de 2015

Desconfio...

.. que o gajo que inventou as cólicas dos bebés deve ser o mesmo que inventou a celulite!... e as filas nas finanças...! 
Parvalhão!!

Tinhas quase um dia de vida..

.. quando me apaixonei perdidamente por ti!
Há mães que descrevem que no segundo que olham para os seus bebés sentem um amor desmedido.. outras há que só muito mais tarde experiementam o amor maternal.
Eu já te amava muito antes de nasceres, mas o nosso despertar aconteceu na manhã de dia 30.
Estavas no meu colo, a mamar, e os nossos olhares ficaram fixos uma na outra.
Olhaste-me tão profundamente que senti que as nossas almas, naquele momento, deram permissão uma à outra para se instalarem eternamente nos nossos corações.
Nesse momento ouvi ecoar cá dentro: “Sou mãe.. largaria tudo por ti. Quero-te para todo sempre!”
Até esse momento sentia que já eras minha mas numa relação ainda tímida e envergonhada. Naquele momento reconhecemo-nos e reencontrámo-nos. Entre mil bebés eu saberia encontrar-te a ti, minha filha. E senti que tu, entre mil mães, saberias encontrar-me de igual modo.
Quando terminaste de mamar, coloquei-te no meio do meu peito e ali ficámos, aninhadas uma na outra a experienciar o que a mãe, por “defeito” de formação, já tinha lido em muitos muito livros.

Nesse momento outra música surgiu na minha cabeça e uma nova melodia marcou a nossa história.. 


1 de março de 2015

Vinte e Nove

Não existe dia para festejarmos o teu primeiro mês de vida. Seria uma data importante mas se há coisa que a mãe aprendeu no último mês, é que contigo no mundo todos os momentos são bênçãos e cada segundo é uma celebração.

Vou falar-te do dia em que nasceste.
Foi na madrugada do dia 29 de Janeiro; duas semanas mais cedo do que o previsto. Numa das últimas consultas de rotina, a médica anunciou que a viagem de regresso não seria para casa e que teríamos como destino a maternidade.. O corpo da mãe já estava pronto e tu querias nascer! Os pais saíram do consultório de mãos dadas e com risos tolos de nervoso miudinho ..

Nas horas que antecederam a tua chegada ao mundo, a mãe experimentou um mundo de emoções.

A dilatação correu lindamente mas uma reação totalmente inesperada à anestesia epidural fez com que a mãe ficasse muito mal disposta e sem forças para te ajudar a nascer.
Não te posso mentir filha, foram momentos muito angustiantes e tensos. Senti uma tremenda responsabilidade e brutal impotência. Tu, querida filha, precisavas de nascer e a mãe sentiu em cada milímetro da alma que não estava a conseguir ajudar-te.
Senti-me encurralada, aflita e triste...

A sala de partos ficou cheia de gente e o papá esteve sempre do meu lado a encorajar-me. O tempo foi passado, a mãe não melhorava e sentia-se cada vez pior. O oxigénio não ajudou e foi preciso um empurrão com um medicamento especial que reverteu o efeito da epidural. Quase de imediato a mãe ganhou forças e começou a sentir, literalmente, a tua cabecinha a querer sair. A mãe fez força, muita força… e pouco depois estavas cá fora.... pequenina e enroladinha como se ainda estivesses dentro da minha barriga....
Médicos e enfermeiras cuidaram de ti. Perguntei ao pai: “Estás a vê-la?”.. e a tranquilidade no sorriso dele foi o sim silencioso mais importante da minha vida.

Quando vieste para o meu colo seguiste o som da minha voz, olhaste-me nos olhos e cheiraste-me como se quisesses certificar-te que a mãe que te acolheu no ventre durante 9 meses, era a mesma em cujo peito agora repousavas.
É bem verdade que é um momento que o coração jamais esquece. Naquele bocadinho o mundo parou, e eu percebi que uma mãe vai sempre pedir ao tempo para que corra muito muito devagarinho.

Os momentos que se seguiram foram muito dolorosos para mim. Tu foste com o pai para o berçário e a mãe, já sem epidural, passou pelo resto do processo do trabalho parto onde a médica fez por pôr no lugar todos pedacinhos que se quebraram com a tua chegada.
A mãe sempre ouviu dizer que quando vos temos nos braços todas as dores se esquecem. Creio que não é verdade.. as dores não se esquecem, ganham é um sentido que é impossível de superar. O que te quero dizer é que foram dores terrivelmente penosas, mas que se eram elas a condição para tu fazeres parte da minha vida, a minha escolha seria vivê-las todinhas outra vez.

Quando me levaram para o quarto, o pai e tu já iam comigo.
Com a ajuda de uma enfermeira, pusemos-te a mamar! Pegaste com força e ali ficaste durante hora e meia, com a mãe a contemplar-te ainda meio incrédula com o facto de há umas horas estares na minha barriga, e num instante já estares nos meus braços.
Quando a enfermeira saiu ficámos os três sozinhos pela primeira vez. Outro momento único e que fica gravado na alma.
Os pais não conseguiram falar. Conseguiram só olhar bem fundo nos olhos um do outro, deram uma turrinha, olharam para ti e deixaram que as lágrimas corressem cara abaixo.
Ali estavas tu, saudável, perfeitinha, linda e acabadinha de chegar às nossas vidas. A mãe balbuciou baixinho: “A nossa menina!”.

Abraçámo-nos em trio e ali ficámos em suspenso num tempo eterno que não há relógio nenhum no mundo que seja capaz de marcar..
Nas horas seguintes dessa madrugada tu dormiste serenamente ao meu lado e o pai, também exausto, entregou-se a um sono profundo no sofá.

A mãe ficou acordada durante muito tempo, absorvida numa salada de fruta de emoções.
Por um lado, havia o sabor doce e único por tu teres nascido. Por outro, havia também um travo amargo de desilusão. Não contigo que eras maravilhosa…… mas com a recordação dos momentos angustiantes do parto…. senti que talvez tivesse falhado na maior missão da minha vida.

Acabei por adormecer no meio destas emoções contraditórias e foi então que me aconteceu algo mágico, muito muito mágico.
Alguns irão ler e rir-se-ão, outros acharão o episódio engraçado, outros há que, como eu, sentirão que nesta vida todos somos abençoados e que há mensagens que ultrapassam a nossa dimensão de humanos racionais e terrenos.

A mãe teve um sonho onde recebia no quarto da maternidade a visita da Virgem Maria. Ela vinha banhada de luz e, com uma ternura imensa, pegou no meu rosto com as duas mãos. As mãos dela eram brancas quase da cor do leite e eram tão suaves e macias que pareciam seda.
Ela inclinou-se e soprou-me uma melodia ao ouvido..
A música era o “Let it Be” dos Beatles.
O carinho na voz dela não o consigo sequer descrever... era totalmente divino e cheio de Amor. 
Despertei deste sonho com leveza no coração e a mensagem que me ficou gravada na alma trouxe-me paz.
Não importa o que se passou.. Let it be….
Fizeste o melhor que podias com os recursos que tinhas… Let it be….

Naquele momento reflecti que o meu parto, foi apenas a primeira de muitas vezes em que, como mãe, vou sentir que estou falhar. Nesses momentos conto lembrar-me deste conselho sábio e encontrar conforto nesta melodia…